sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Mãe, vou estudar em outra cidade e já volto tá?



Olá Pessoal,

Tudo bem?
Hoje vou postar um texto escrito pela minha super-hiper-mega-blaster amiga: nossa queridona Teacher Soraya. Ela escreveu especialmente para o blog contando sua experiência em fazer universidade "longe de casa". Nessa época de aprovações no vestibular acho super válido aprendermos um pouco com quem viveu a situação de
encarar tudo novo: cidade, amigos, experiências, etc, etc.
Espero que gostem e deixem seus posts comentando, tá?
Bjk

Teacher Rosana



"Bem, já faz tempo que a Rô vem pedindo para que eu escreva um texto para o Blog, e atendendo a pedidos, resolvi relatar minhas venturas e desventuras de estudar fora.
Assim que terminei o colegial prestei vestibular para o curso de Educação Física da Universidade Federal de São Carlos, e por ter estudado a vida toda em escola pública, tinha certeza que entrar em uma faculdade pública era pura ilusão.
Mas qual não foi minha surpresa ao acordar de manhã e ouvir a voz do meu pai comentando com uma vizinha: “Ela passou, agora não sei o que ela vai resolver!” Claro que era um sonho, passar na Federal... Mas aconteceu, meu nome tava lá no jornal (na época não tinha internet, mas abafa o caso!). Resolvi arriscar...

Tinha dezoito anos, filha única, criada com avós e tias me paparicando o tempo todo, não sabia nem ferver água pra fazer café, quanto mais cozinhar... Lavar roupas? Que nada! No máximo as guardava no armário depois de passadas.

Fui morar numa pensão com outras 13 garotas, todas bixetes da Federal, mas cada uma de um curso. Acordar e perceber que a mesa não estava posta para o café da manhã, que eu tinha que lavar o banheiro, levar o lixo pra fora (ele não sai dali por mágica, né, Fê?).

Ah, mas o RU salvou a pátria! A Universidade tinha o Restaurante Universitário, que servia almoço e jantar a um preço bem acessível. A comida não chegava nem aos pés da comida de mamãe, mas já que não tem tu, vai tu mesmo... O problema era desvendar o sabor do suco. Normalmente os classificávamos de vermelho 2, amarelo 5, laranja 3, ou coisa parecida. Mas o rango tava garantido.

Trabalhar de dia, estudar à noite. Perfeito. O complicado foi arrumar emprego. Fazia uns bicos, mas não dava pra me sustentar, e o aluguel da pensão começou a pesar. Para não parar de estudar, fui morar no Alojamento Estudantil, dividindo um apartamento com algumas pessoas que eu nunca tinha visto na vida.

Dei sorte. Éramos eu e mais 3 colegas de sala. Ficou mais fácil. Até que (claro, sempre tem um senão!) precisamos alojar outros alunos e passamos a ser 9 estudantes, de cursos e horários diferentes, um amante de jazz e outro de rock anos 60, eu tocando castanholas o dia todo (até que me proibiram de tocar castanholas no apartamento).

Poxa, morar fora deve ser terrível... Nossa, conviver com gente diferente, comer comida ruim, lavar roupa e lavar banheiro? Não, isso não é pra mim... Tenho certeza que você deve estar pensando isso... Mas não é bem assim não.

Na ausência da família, a gente acaba criando um vínculo com os amigos inimaginável. Quando eu ficava doente, os amigos me levavam correndo no médico e não mediam esforços para cuidar de mim. Uns dias antes de sair minha vaga para o alojamento eu não tinha onde ficar, e uma amiga abriu as portas de sua casa para eu morar o tempo que eu precisasse. Nos fins de semana que eu não tinha grana para vir para São Paulo visitar meus pais, a gente se reunia no alojamento ou na casa de outro amigo e ficávamos até de madrugada jogando Imagem e Ação ou Master (as noites mais
divertidas da minha vida!).

E, claro, tinham as festas. Muito forró, muito rock’n roll, muita MPB, torneios entre as faculdades, intercursos, conhecer gente nova, sem dúvida uma das partes mais importantes da vida universitária. Fazia bem pra alma e pro corpo (poxa, como eu dançava nas festas!).

Ah, agora você viu vantagem... Mas tem algo que não dá pra esquecer... Tem que estudar, e muito... Ralei pra caramba, passei noites em claro estudando Anatomia, Fisiologia, Bioquímica, entre tantas outras matérias. Os professores eram show (claro que nem todos, mas a grande maioria deles), tanto que sou amiga de alguns até hoje.

A experiência que tive nos meus anos de faculdade me tornou a pessoa que sou hoje. Aprendi a fazer desde um simples ovo frito, até um belo strogonoff de frango de dar água na boca. Aprendi a respeitar as diferenças e valorizar cada momento vivido, e certamente não teria aprendido sem morar sozinha aos 18 anos.
Recomendo."

Escrito por: Soraya Rabadji

12 comentários:

  1. Realmente morar sozinha não é um bicho de sete cabeças, já morei em pensão também, com 10 meninas e foi a melhor experiência que já tive na minha vida, aprendi a dar mais valor a minha mãe do que eu já dava, infelizmente não morei sozinha para estudar mas por causa do meu pai que era alcólatra e agora ele procurou tratamento graças a minha saida. Eu também recomendo a experiência, mas nada melhor que a comida da mamãe rsrsrs Jancília e parabéns a teacher Soraia pelo ótimo depoimento.

    ResponderExcluir
  2. Obrigada Jan!!!! Vc sempre presente aqui! Valeu pelo apoio e pelo seu depoimento também!
    Bjk

    ResponderExcluir
  3. Oi Gente !!!
    Bom, entendo perfeitamente o que vocês escreveram / falaram. E acrescento, foi SHOW !!!
    e digo isto a todos, morar e viver sozinho, longe da família foi um ano de descobertas e desafios, para mim o melhor ano de minha vida !!
    Vlad

    ResponderExcluir
  4. Oi Vlad! Obrigada pela contribuição também!
    Bjk

    ResponderExcluir
  5. Que delicioso testemunho de vida! Para tantos jovens, uma visao particular e bem-humorada desta fase tao amendrontadora! Teacher So.. parabens pela experiencia que certamente enriqueceu-lhe a vida.. Teacher Ro.. O blog ta bombando! Beijo! Aurea S.

    ResponderExcluir
  6. Oi Aurea Querida!

    Muuuito obrigada pelo post...eu e a Sô agradecemos de coração!!!
    Bjk

    ResponderExcluir
  7. Agora estou na dúvida!! Será que a Soraya era mais legal antes da faculdade? kkkk... Brincadeira...

    Tenho certeza que aqueles foram os melhores anos da sua vida SÔ! Viver sozinho é uma experiência inesquecível, mas voltar pra casa, é ainda melhor!

    Beijinhos,
    WILL

    ResponderExcluir
  8. Oi, todo mundo!!!
    Adorei os comentários!!!
    Obrigada pelo apoio, compreensão, e espero que todos tenham gostado.
    Se puderem, tenham essa experiência!
    Beijos a todos!
    Teacher Soraya

    ResponderExcluir
  9. Certeza que todos adoraram Sô! Mais uma vez muito obrigada pela disposição em escrever dividindo sua maravilhosa experiência de vida
    com a gente! Thanks my friend!

    ResponderExcluir
  10. Viver a experiência de morar sem os pais aos dezoito anos, é como olhar tudo com lente de aumento. As alegrias são mais alegres, assim como as tristezas, os amores, as dificuldades, enfim, as emoções são intensas.
    O que fica gravado, não são só os eventos, mas a emoção que ficou impressa na alma.
    Quando a Soraya, emocionada, diz que as noites jogando imagem e ação foram as mais divertidas, não foi por causa da ação em si (não adianta eu comprar o jogo e sair procurando alguém para também ter noites tão divertidas quanto aquelas), as emoções daquelas noites são únicas e toda sua Sô.
    Obrigado por dividir um pouquinho com a gente.

    ResponderExcluir